segunda-feira, 6 de setembro de 2010

...pressentindo o fim


“Uso a palavra para compor meus silêncios”.
[Manoel de Barros]


Só enxergo agora o que venho ouvindo há cerca de um ano. Como uma cantiga triste que ouço por meio de um disco riscado. A música que entala na vitrola diz que o amor só resiste na verdade. Mas não adianta tê-la como referência se o par (o um – agora sem o outro) diz que não acredita. É uma espécie de choro sem lágrimas. Li certa vez, que as pessoas só se convencem com seus próprios argumentos, e isso se encaixa perfeitamente aos homens ditos racionais.

É imprescindível gostar, mas é salutar saber o momento do fim. Nada subsiste sem amor, quiçá sem confiança. É suportável ouvir que o amor que encantava e que cotidianamente brotava do chão seco ou úmido do sertão acabara, morrera de cansaço ou de morte finda, contudo, escutar que tudo que se contou é pautado na mentira, só pode ser este um modo em forma de trama para justificar o fim.

- De que vale esconder a verdade se ela se impõe à luz do sol, brilhante e vital?

Não acredito em nada que não seja pautado no respeito. As ideias, os fatos, o riso e o choro de um amor fadado encerram-se aqui, como um lábio seco que espera o beijo que nunca chegou.


Maria Karina

2 comentários:

Raquel Galvão disse...

"as coisas que não existem são mais bonitas"

Raquel Galvão disse...

e tá lindo demais...