sexta-feira, 30 de julho de 2010

Bazófia


Desculpa se te chamei de "frenesi ermo"...Sério!

É que às vezes a pupila se adianta

Masca o freio.


E vai ser difícil pra mim

Quando você me olhar com olhos de

"E você sempre tão cética quando eu vou às estrelas"


Você busca a protagonista do seu filme

Mas, eu sou a voz em over


Nada de ponto final, só vou virar de costas.

Você sai um pouco do quarto, depois volta? Mesmo?


Meus cachos secos e cansados sabem:

Vou ser eternamente condenada ao reino dos amores perdidos

E vou te amar pra sempre por isso


Você vai virar o déjà-vu que nunca acontece...


Você precisa saber:

Eu como mal, tenho medo do tráfego

E sinto saudade de casa na hora do almoço


Eu falo muito.Muito mesmo.Muita opinião

Agora eu vejo: muito ruído, pouco latim

Me sinto transgênica

Tenho que provar o tempo todo que sou coisa


Durmo demais.Apareço demais

Derramo vinho na roupa


Esbanjo.

Esqueço.

Vontade de existir só em silêncio

Íntima de mim

Eu bebi a gente ontem e acordei com ressaca


Te perdi no buraco negro do cotidiano?

Nosso feijão com arroz se abalou?

Não sou capaz de juntar as roupas íntimas e imundas?


Tenho medo de nunca sair de mim


Vendo o "deadline"do meu ânimo me assustei:

Você ainda é o axioma do meu dia

Então, me dança até o fim do romance.


Vou me dessentir de tudo pra entrar em você

Queria ser mãe de mim e evitar os erros

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...


Acordo e enxergo tudo em preto e branco.
Vivo em uma ausência de cores.
Mas sigo tranqüila.
Caminho sem precisar saber se findou, se fumou, se correu ou se ficou.
É a sensação de Mário Sá em seu Quase:
“Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...”.


*Título retirado do poema Quase, do poeta português Mário de Sá-Carneiro [1890-1916].


Maria Karina

terça-feira, 27 de julho de 2010

Invencionice


“Deixe em paz meu coração.
Que ele é um pote até aqui de mágoa”.

[Chico Buarque]


Pela primeira vez acordo sem saber ao certo o sentimento que carrego. Eu que tinha até ontem as “mãos envenenadas de ternura”. Foi um gesto, uma sequência de descaso e equívoco, que lavaram e apagaram toda a poesia que nutria a prosa e que nos rodeava.

Reflito na canção que ouço há muito e que diz assim: “Por você eu largo tudo, carreira, dinheiro, canudo”, e o engraçado é que sempre simpatizei com esse verso, mas hoje percebo que na prática a citação é um rio distante.

Queria vazar para não mais sentir. Queria acordar e beber a mesma água dos dias passados. Mas é impossível. O que supus existir não é real, foi inventado.


Maria Karina

terça-feira, 20 de julho de 2010

Amor Medusa

It wasn´t my first love.It was my good love.

Até tu mon amour, com todo o meu requinte e o seu glamour pôs un fin em nós?

Vem e confessa que os beijos de cinema, ou o amor à primeira vista são para os cegos.

Tu que não destes a tão sonhada aliança ao sinal em falso do primeiro não.

E se no sétimo dia, tu, ou, eu já não tivesse sido mais agente?

A paixão, essa impostora só durou a primeira vista
Tão forte que congelou minhas entranhas

O amor é esta Medusa que me transforma em estátua de pedra porque eu encarei os seus olhos
O ciúmes, nosso célebre ilustre desconhecido, chega agora pra varrer o que resta das horas..

"Eu penso em ti, eu pensei em mim.Eu chorei por nós.Eu vou para a beira do cais ouvir os lamentos e os nossos ais..."

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Minguante


Cegueira Cervical. Escuridão. Por opção.
Não estou imune às chagas mundanas.
Fervo de ciúmes.
Mínguo com pensamentos obscuros.
Feito a lua menor que acha que tudo vê e pouco reluz.

Te quero – estou certa que quero.
Mas só enxergo aquilo que vejo adiante.
Os seus detalhes importantes?
Não reluzem.
Deixo para lá, finjo que jamais existiram.
Por que e para quê?
Fortalecer seu ego?
Estimular o seu silêncio?
Tabu.

Eufórica de amor, aumento ainda mais o volume.
Pobre de mim.
Finjo não saber que sou gente e que sou frágil e que tenho contas a pagar no final do mês.
“Ando tão atípica!”
E sigo formulando as minhas frases de efeito.

Pausa dramática.

“Não entendo a sua retórica, amada.”
Salve, salve!
O que parece indiferença pode ser só pessimismo, não é?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Como o som de apenas uma mão que bate palmas


Em você tudo é falado, mas nada é dito.
O sentido e o não sentido caminham muito próximos um do outro desfazendo de forma radical a percepção que se tem das coisas.
Não há igualdade possível entre o que se vê e o que se diz e isto é violentamente percebido em você.
Grita por verdade, mas necessita mesmo é da dissimulação do desejo.
Quer o que não deseja ter.
E anseia pelo que logo não quer mais tocar.

Maria Karina

domingo, 11 de julho de 2010

A guardiã de silêncios

Calou-se.
Objetivamente, guardou as palavras - interiores.
Dramatúrgica.
Passou a sentir um vazio-espiral .