sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Montagem


Assim, mambembe de mim,
rastejo submissa.
Em um surto de realidade – CHOQUE de realidade.
Non-feedback!
Non-complicity!
Non-fidelity!
Não.

E eu digo Sim, sim, sim.
Que é amor e bem querer.
Que é tudo que desejo agora:
um quadro surreal ou uma cena dramática.
Você como personagem principal.

E tudo que pode ser reeditado...

domingo, 17 de janeiro de 2010

(***)

*
Olho olhos
Brilho brilho
Brilho fosco. Fosco brilho?
Fosco Fosco...

**
Dança menina.
Beija.
Menina fuma bonito.
Me beija feliz mais eu.
Mas “eu não vim aqui para desistir agora”.
É, tem sentido não.
Sorry.
Tem perdão, tem?

***
Dê -
Desespero -
Desperto –
Só.
Sofro.
Ora, por um ato solto.
Já por um ato falho.
Sim pela palavra lançada.
Dos detalhes.
Micro, miúdos:
grande amor.

****
Qual é a minha parcela de culpa?
Quanto me resta?
Amo, assim sem disfarçar.
Se eu sei amar?
Toda errada, sei.
Até não saber mais o que isso é.
Mas sou.
Sua e amo.
Até o último suspiro.
Medo!
Reflexão: e ontem e amanhã?
E hoje?
Que monstro que vou ser mesmo?
A culpa.

****
Sou febre.
Corpo, tesão.
Sou má.
Insegura e desconfiada.
Bê-á-bá.
Sou blá-blá-blá.
Para ser só, só não sou.
Seu número.

***
Começo homeopática.
Gota a gota, a me destruir para você.
Como um dominó, com suas pecinhas, construo uma figura.
Depois derrubo a primeira peça, que derruba a segunda, a terceira e
Oh, efeito dominó.
Trá.
Resta 1.

Quero remontar tudo.
Sozinha, não consigo.
Quer se indispor?
Ou se dispõe a me ajudar?
Esquece, deixa para lá.

** Mazô **
Tá vendo aquele caco de vidro?
Pega, vem e me corta.
Mais e mais: me bate na cara.
Minha cara.
Me morde.
Até arrancar um pedaço meu.
Deixa em mim a cicatriz maior.
Vem com fogo.
Me marca.

Pode me beijar agora?

**
A menina ainda dança
com suas armas próprias
dança bem como uma boa filha
dança e canta como ninguém.
Encanta a menina.
Deslumbra.
Me preenche até a borda.
Pinta e borda essa menina.

*
Punhal (?)
Apunhalada ao lado.
Alada voa.
Te ofereço as minhas migalhas limitadas.
Digo, imitadas.

(***)

Depois da Tempestade...


"A chuva cai.
Os telhados estão molhados,
os pingos escorrem pelas vidraças.
O céu está branco,
o tempo está novo,
a cidade lavada.
A tarde entardece,
sem o ciciar das cigarras,
sem o jubilar dos pássaros,
sem o sol, sem o céu.
Chove.
A chuva chove ligeira
nos nossos olhos e molha.
O vento venta ventando
nos vidros que se embalaçam,
nas plantas que se desdobram.
Chove nas praias desertas,
chove no mar que está cinza,
chove no asfalto negro,
chove nos corações.
Chove em cada alma,
em cada refúgio chove;
e quando olhaste em mim,
com os olhos que me seguiam,
e enquanto a chuva caía
no meu coração chovia
a chuva do teu olhar."

Novembro 1963 - Inéditos e Dispersos - Ana C. César

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Em todos os lugares



Amar calada, Baby?
Démodé.
Inconcebível.
Grito que ecoa.

Te sinto:
em meu corpo.
em todos os meus poros e sentidos.
Chama acesa.

Chamo o teu nome baixinho antes de dormir:
Para te ter mais perto, te guardar por mais um tempo.
Hoje, amanhã, amanhã e amanhã. Chega?

Súbito e inesperado amor
GRITO
Grande demais para não ser anunciado:

domingo, 3 de janeiro de 2010

Clama/Calma


Só sei que quero.
Dar formas ao querer é o que me é impossível.
Paladar:
Boca para o nada.
Vazio agudo:
Mágoa de interjeição.


Maria Karina