quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

“E tudo é proibido. Então, falamos.”

Super Mercado
Ulisses Tavares

O amor é um artigo caro
desejado por muitos
disponível para uns poucos
vendido no mercado dos acasos
onde seu preço
cem por cento
só pode ser pago com o troco.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Entrementes - Apenas algo trágico

Nada!!! Justifica. Se eu passar mais 3 segundos ouvindo pela 2ª vez “Ana Júlia” na rádio tropical, prometo que meto o chute na porta e estraçalho esse som em 2002 pedaços. Mas as coisas não se resolvem assim, pô!!! Porque assim sou eu: nenhum pouco frankfurtiana, mas tudo tem limite. Vá lá: Raquel, mais uma maluca nesse mundo doido que é de todos os egos, menos de Deus.
Estou preparada para parar (Engenheiros do Hawaii???) de dar soco em ponta de faca. Se viver fosse legal mesmo, a morte não teria sentido, é o que penso. E todos têm essa capacidade louca de enganar, ou melhor, deixa pra lá.

Minha mãe estava dormindo e gritou “Pai”. Depois tomou uma água que eu levei, mas não conseguiu cochilar pelo resto da noite. Na semana que vêm, pego o resultado do froid-jungniano-ultrapassado psicoteste. “Para a sua inconstância, terapia”: falou e disse.

Não se pode montar o quebra-cabeça, mesmo porque vou formar nova e trabalhar talvez. Em um século não tão antigo, eu tinha outras ambições. Materiais e sentimentais, devo ressaltar. Tudo foi pro fundo do poço mesmo.

Definitivamente, não tenho depressão. Meu avô tem. Um dia, ainda quando eu tinha outras ambições, escrevi uma carta pra ele. Hoje, vovô é bem magro e já foi internado duas vezes. O doutor deu um diagnóstico não tão favorável.

Convenhamos: viver é um pesadelo em tempo integral. Pra enganar a falta de chão, nós (os mais bobos e eu) continuamos sorrindo.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Todos os dons


"Sou a febre que lhe queima, mas você não deixa"
Mal Necessário.
Esperança.
Pandora mandou lembranças e:
velhice, trabalho, doença, loucura, mentira e paixão.
Ignoro.
Também suspeito quando recebo um grande presente, mas abro.

sábado, 17 de janeiro de 2009

"Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra"

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Ausência

"Entre cores e rancores,
todos se salvaram"

Contra rejeição, um remédio sem igual:
Puta!
E esqueça qualquer tipo de incomodo ou humilhação.

Só a puta - safada - guarda o melhor sorriso pra você.
Aquele mesmo sorriso que você não permite que ela dê publicamente, pois sente ciúmes.

Doma seu fogo,
entre tapas,
se enlaça,
entre, ao lado, em cima, do seu corpo.

Pacientemente,
respira putaria,
e te ama.
E você, pelo resto da vida, com sua puta impregnada n'alma.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Muito prazer, eu sou você amanhã

AS HORAS (A AGONIA CRONÔMETRADA)
Leo Viso

Você se levanta e um mundo te espera, mas você só espera por um minuto. Sua manhã nublada torna-se cenário para sua ansiedade excessiva. Os óculos escuros escondem olheiras de uma noite não dormida, ácidos jorram em seu estomago para lembrar-lhe de sua má alimentação, a manteiga de cacau disfarça as rachaduras de uma boca não beijada.

Os ponteiros se perseguem e contam cada segundo de sua agonia matinal. Você receia que a mesma se torne vespertina e torce para que jamais se torne soturna. Cigarros, por que não os faz uso? Pelo menos daria um esfumaçado charme a seu tormento, que lhe faz tanto mal quanto a nicotina e o alcatrão.

Seu telefone não toca, seu e-mail permanece vazio, a cibernética não o ajuda. Seus dedos ganham vida própria e relatam a sua verdade. De sua janela vê as nuvens encobrindo o sol e o tempo cinza passa a ser seu estado de espírito, o estado da dúvida. Já que pode fazer ensolarar ou chover de repente.

Te obrigam a sair de seu claustro, as paredes de sua sala dão lugar a desproteção da rua. O vento corta sua face e te lembra que ele poderá se único a tocá-la hoje. Você vê duas crianças correndo na rua, uma despida e a outra desordenada e elas passam a ser a antropomorfização dos seus sentimentos: um coração nu e uma mente embaraçada.

A volta para casa é tão rápida quanto a saída. E a situação continua mesma como se fosse na permanência. Você já tem ciência de que pode não estar só nesse ritual, você já sabe o motivo de toda a agonia. Não é ansiedade por uma mensagem e sim o medo do teor dela. Afinal, você sabe que o relógio pode trazer a verdade indesejada.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Porque me lembra

Aceitarás o amor como eu o encaro?

Mário de Andrade

...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.
Tudo o que há de melhor e de mais raro

Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.

Que grandeza... a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições. O encanto
Que nasce das adorações serenas.

sábado, 10 de janeiro de 2009

encenação

Em dia de lua cheia,
minguo.
E transbordo.
Quieta, penso, e assisto a parede branca.
Coloco cor onde não tem, te projeto no teto.
Em dia de lua cheia,
me transformo,
fico obcecada.
Vejo as suas fotos e, no seco, faço uma faxina geral.
O teto, o céu, a lua. Na frente, só neve.
Congelo a cena.