segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Muito prazer, eu sou você amanhã

AS HORAS (A AGONIA CRONÔMETRADA)
Leo Viso

Você se levanta e um mundo te espera, mas você só espera por um minuto. Sua manhã nublada torna-se cenário para sua ansiedade excessiva. Os óculos escuros escondem olheiras de uma noite não dormida, ácidos jorram em seu estomago para lembrar-lhe de sua má alimentação, a manteiga de cacau disfarça as rachaduras de uma boca não beijada.

Os ponteiros se perseguem e contam cada segundo de sua agonia matinal. Você receia que a mesma se torne vespertina e torce para que jamais se torne soturna. Cigarros, por que não os faz uso? Pelo menos daria um esfumaçado charme a seu tormento, que lhe faz tanto mal quanto a nicotina e o alcatrão.

Seu telefone não toca, seu e-mail permanece vazio, a cibernética não o ajuda. Seus dedos ganham vida própria e relatam a sua verdade. De sua janela vê as nuvens encobrindo o sol e o tempo cinza passa a ser seu estado de espírito, o estado da dúvida. Já que pode fazer ensolarar ou chover de repente.

Te obrigam a sair de seu claustro, as paredes de sua sala dão lugar a desproteção da rua. O vento corta sua face e te lembra que ele poderá se único a tocá-la hoje. Você vê duas crianças correndo na rua, uma despida e a outra desordenada e elas passam a ser a antropomorfização dos seus sentimentos: um coração nu e uma mente embaraçada.

A volta para casa é tão rápida quanto a saída. E a situação continua mesma como se fosse na permanência. Você já tem ciência de que pode não estar só nesse ritual, você já sabe o motivo de toda a agonia. Não é ansiedade por uma mensagem e sim o medo do teor dela. Afinal, você sabe que o relógio pode trazer a verdade indesejada.

Um comentário:

gianlucio disse...

Ciao Raquel, bello il blog e belli anche i quadri....colorati come il brasile.