A clareza de alma é saber
Que a vida e a relação humana vão muito além de um adeus
Pegar as coisas na portaria e
Apagar os rastros de outra vida
O resto é sol daqui de dentro
O dia em que o amor acabou
O amanhã não teve mais porquê
No transe da dor
Descobri o amor multifacetário
Dividi a nossa história em dois:
A que eu amo. E a que eu não suporto mais.
Amei tanto que me perdoei
Com o que sobrou
Eu me enamorei de você.
E me separei de quem?
Depois do amor,
Eu encarei o vazio da multidão
O sujo das ruas
O imundo do outro que tanto amei
Amei tudo o que doía
Nos que passam
E tive vergonha
De ser esquecida
De olhar no espelho
E ter sido,
Não ser mais dois
Vi a relação única do amor e da morte
A sorte que só nasce diante da certeza de morrer
Perdi minha metade
E tive que encontrar a mim mesma
Senti o terror de construir “nós” sozinha
A esperança que fica
é que o mesmo amor que deixa em trapos
Há de ser o mesmo que junta os cacos
Esta foi a última poesia dividida.
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