quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Aqui, plutóides.

No exato momento que o “se” passa de dúvida a certeza,

os pneus do carro cantam a raiva acumulada pelo ciúme,

o coração aperta o medo,

o medo acelera a madrugada – território temporário imaginário, no qual as pessoas perdem a capacidade de ser e sentir. Nem preconceito existe. As coisas acontecem, assim, “sem mais nem porque”.


A obrigação de falar o que não se fala e não tem explicação.

O silêncio como única resposta.


Os corpos que não esfriam.

O perfume que tarda a evaporar...

(A manhã chega em doses homeopáticas).


Instant moment – ligação e reencontro.

Porque, certamente, a redenção vem da verdade.

E liberdade é o outro nome do amor...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

...pressentindo o fim


“Uso a palavra para compor meus silêncios”.
[Manoel de Barros]


Só enxergo agora o que venho ouvindo há cerca de um ano. Como uma cantiga triste que ouço por meio de um disco riscado. A música que entala na vitrola diz que o amor só resiste na verdade. Mas não adianta tê-la como referência se o par (o um – agora sem o outro) diz que não acredita. É uma espécie de choro sem lágrimas. Li certa vez, que as pessoas só se convencem com seus próprios argumentos, e isso se encaixa perfeitamente aos homens ditos racionais.

É imprescindível gostar, mas é salutar saber o momento do fim. Nada subsiste sem amor, quiçá sem confiança. É suportável ouvir que o amor que encantava e que cotidianamente brotava do chão seco ou úmido do sertão acabara, morrera de cansaço ou de morte finda, contudo, escutar que tudo que se contou é pautado na mentira, só pode ser este um modo em forma de trama para justificar o fim.

- De que vale esconder a verdade se ela se impõe à luz do sol, brilhante e vital?

Não acredito em nada que não seja pautado no respeito. As ideias, os fatos, o riso e o choro de um amor fadado encerram-se aqui, como um lábio seco que espera o beijo que nunca chegou.


Maria Karina