sábado, 25 de dezembro de 2010

Matemática.



Minha própria cegueira,

minha armadilha.

Raiva, rancor e decisões precipitadas.


Minha própria armadilha,

minha armadura.

Escolhas, explicações e tudo mais que se pode alegar.


“O que fazer com nosso amor
Se andas com minhas pernas
O que fazer com nosso amor
Se vejo com teus olhos
Um mundo louco e tenso de paixão e medo


Ecoa: Paixão e medo!

Deixo-me alagar.


Como rádioamadores,

em diferentes freqüências,

somos uma só sintonia

quando o assunto é amor.


(um só choro e tudo segue:

“nada será como antes”.

As coisas em uma nova dimensão.

Multiplicadas!)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Pequena fenda para o deserto


“Tinha sido escolhida, desde criança,
para ser ninguém e nem nunca”.

[Manoel de Barros]

Já é tarde e só agora, depois de muito tempo, percebo que ao longo dos anos só fiquei esperando as horas passarem: A manhã virar ocaso e dá passagem para noite. Sempre fui aquela que vivi cada sentimento até que ele arrebentasse, sem interrupções, sem que houvesse tempo para discernir se havia mágoa ou só sede de mais. Mas não posso colocar cortinas nos olhos. É preciso transcender a miopia. Mesmo não sabendo se estou apta a dizer o que existe, se há amor ou se já findou.

Só sei amar o que está perto, não tenho paixão pelo longínquo. Quanto mais se afasta, mas demora o tempo de reconhecer todo o caminho outrora percorrido. Descobri, mesmo com toda cegueira, que gosto é do sorriso simples e dos dias acessíveis. Não posso mais me entregar aos dramas que embalaram quase toda a minha adolescência. A idade não me permite mais. Vivo, agora, o silêncio de quem grita e o escândalo de quem cala.

Preciso que logo tragam uma espécie de coisa que me entarde os olhos. Para que amanhã, quando eu acordar, possa estender no arame uma música ávida por alegria.

As coisas dentro de mim desacontecem.


Maria Karina