terça-feira, 27 de julho de 2010

Invencionice


“Deixe em paz meu coração.
Que ele é um pote até aqui de mágoa”.

[Chico Buarque]


Pela primeira vez acordo sem saber ao certo o sentimento que carrego. Eu que tinha até ontem as “mãos envenenadas de ternura”. Foi um gesto, uma sequência de descaso e equívoco, que lavaram e apagaram toda a poesia que nutria a prosa e que nos rodeava.

Reflito na canção que ouço há muito e que diz assim: “Por você eu largo tudo, carreira, dinheiro, canudo”, e o engraçado é que sempre simpatizei com esse verso, mas hoje percebo que na prática a citação é um rio distante.

Queria vazar para não mais sentir. Queria acordar e beber a mesma água dos dias passados. Mas é impossível. O que supus existir não é real, foi inventado.


Maria Karina