quinta-feira, 23 de abril de 2009

Palmas pra dar Ipobe


Improvisei uma paixão.
"Paixão, EU TE AMO!", disse.
Mesmo gostando só um pouquinho.
Pouco a pouco, delineei A imagem.
Deu em uma pintura do Renascimento.
Inventei a minha própria novela das oito.
Com as mãos estendidas no céu azul do semi-árido, bradei:
“Obrigada, Nossa Senhora dos Amores Inventados, pela graça alcançada!”
O erro.
Não é certo perfumar o inodoro, colorir o preto-e-branco.
E nessa brincadeira de criar verdades, tornei o fosco brilhante.
Acreditei no cintilante de uma invenção.
Eis que, de repente, não mais que de repente, fez-se de espiral o que era linear.
Uma dor muito forte virou desmaio.
A invenção fez-se verdade, o estável, o drama.
A paixão deu as costas, falou que iria embora e foi.
Na ficção, improviso uma vida.
Na realidade, amo e definho.
Sobrevivo, como a próxima vítima do meu próprio folhetim.

*Palmas para dar ibope é uma música de Ednardo, a cena é da novela A Favorita (duvido que alguém não saiba...) de João Emanuel Carneiro, a inspiração também veio da novela A Próxima Vítima (1995) de Sílvio de Abreu, Alcides Nogueira e Maria Adelaide Amaral e, no texto, há uma citação do Soneto de Separação de Vinicius de Moraes.

Um comentário:

Leonardo ViSo disse...

Piovanni precisa ler esse texto! Santa Êsmê tb!