terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Mudança e Continuação do Outra Primavera em 2012
O Outra Primavera está encerrando as atividades aqui.
Uma versão novinha em folha está funcionando na seguinte página:
www.outraprimavera.com
Todas as postagens de Luana Laux, Maria Karina, Patricia Moreira e Raquel Galvão (essa que vos fala) foram transferidas para o novo endereço.
Continuamos colaborando por lá e ampliando a nossa capacidade de trabalhar o coletivo de literatura, fotografia, audiovisual, comunicação em geral e o que mais surgir...
Agradecemos aos leitores pela atenção sempre dispensada!!!
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
de noite ardo
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Au Revoir
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
coletivo
O ápice
tão down
e você
doce, riso.
catarse e também catálise.
de quem observa,
surpresa,
o não
acaso.
E brinda ao caos, abobalhada!
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Ao Ponto
Que queria ser gente
De manias exóticas
Falava de si mesma na 3ª pessoa
Pensava-se como um personagem, ou era abstenção?
Num universo curvo
Tinha o quadrado de ser alguém
Se arrumava, passava perfume
Enfeitava-se de fitas
E se punha pra presente
Nadando o seco, se plantando nas rachaduras
Guiando-se por Planos, eis um destino
Trapaceada pelo verbo Ser
Legitimaram que suas ideias eram perigosas
Mas, no vácuo não conseguia viver,
Não respirava
O imaginado ficou com cara de imaginário
São os atrasos do tempo, ou imaginando demais envelheceu?
A boca seca, o coração inchado
Os anseios de um nordeste inteiro
Vivendo de aresta
Ficou plantada ali
Na dúvida se gomo, ou, se semente
Se transmutou em vida
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Regozijo
-Viver assim sozinha, lhe dava certeza de não estar bem..Desejava uma vida que se preocupasse com a sua.
Arrumou o cabelo defronte ao espelho, alisou a pele áspera morena e romanceou com o jovem de 23 que a cortejava há três dias.
Tentou uma. Tentou duas. Até que gozou.
Regozijo pra alma. Regurgitou o cansaço da vida sem graça de tomar remédio.
Esperar os anos e acreditar no grande amor virou um tédio.
Só quando teve com ele a terceira vez, o rapaz amoroso explicou que o lance dele era oferecer seus serviços.
-Como se ela soubesse que aquele amor era promíscuo - sexo pago e com compromisso.
Cabelos ao vento, sorrio.Não obrigada. (Desencanando o encanto).
Beijo na testa pra esquecer. Deu tchau pro pau que atravessou a porta de saída. Feliz pelo reencontro com o orgamo.
-No íntimo, a verdade envelhecia.
Por um instante pensou no julgamento da filha, amadurecida demais aos 20 e já velha antes de completar 30.
Viu no espelho o passado de uma ser o futuro da outra.
Hereditário demais pra ser destino e solitário demais pra ser secular.
Não havia mais tempo de engano. Não lhe interessava mais qualquer coisa que a vida tinha pra lhe dar.
O desejo e a cólera interna era de ter um amor amante.
Que durasse bem mais que o tempo de um revotril..
os mil olhos do cego
“Corre solta suassuna noite
Tocaia de animal que acompanha sua presa
Escravo da sua beleza
Daqui a pouco o dia vai querer raiar”
Suassuna Noite – Pedro Luís
Expressa:
o que é, o que te basta?
Silencia o entardecer.
Enquanto o soul, soul,
corroída por mil olhos (nitroglicerina pura).
Canto poliglota,
de todas as palavras que um dia eu quis escrever,
e da semelhança que você aplica de forma totalmente voluntária,
trocando de personagem como quem troca de roupa.
De cá, brota o quadro do Déjà vu (frames por segundo),
que, sem lamúria,
chama o cheiro,
o sorriso,
multiplicando sentenças e silêncios.
Tudo que vem
e que se transforma surrealmente no que ouso chamar de realidade.
Transcendental:
Let me be!
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Por isso, o risco.
Debruçada
em versos modernos ou gritos desalmados
ouço um detalhe que
me possibilita o choro.
Imploro
lucidez,
novidade,
transformação na poesia,
ora caótica,
ora violenta,
paixão densa,
desmedida,
o nu, a coisa,
a carta pulsante,
a ansiedade do silêncio,
plágio atroz,
pingo de cera na pele:
nonsense perfilado à maneira dos desesperados.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Depois
Que a vida e a relação humana vão muito além de um adeus
Pegar as coisas na portaria e
Apagar os rastros de outra vida
O resto é sol daqui de dentro
O dia em que o amor acabou
O amanhã não teve mais porquê
No transe da dor
Descobri o amor multifacetário
Dividi a nossa história em dois:
A que eu amo. E a que eu não suporto mais.
Amei tanto que me perdoei
Com o que sobrou
Eu me enamorei de você.
E me separei de quem?
Depois do amor,
Eu encarei o vazio da multidão
O sujo das ruas
O imundo do outro que tanto amei
Amei tudo o que doía
Nos que passam
E tive vergonha
De ser esquecida
De olhar no espelho
E ter sido,
Não ser mais dois
Vi a relação única do amor e da morte
A sorte que só nasce diante da certeza de morrer
Perdi minha metade
E tive que encontrar a mim mesma
Senti o terror de construir “nós” sozinha
A esperança que fica
é que o mesmo amor que deixa em trapos
Há de ser o mesmo que junta os cacos
Esta foi a última poesia dividida.
sexta-feira, 22 de abril de 2011
game over (autoflagelação)
Nem eu
- pasme –
suporto harmonicamente essa inconstância.
Minha.
Que tentei, no amargor da continuidade, agir com beleza e flores e olha como posso ser agradável.
E o que reflete, geralmente, incomoda.
Por mais que fuja do meu histerismo,
na mesma tecla, sempre na mesma tecla...
Só não quero ouvir que é mentira.
Porque:
desabafei sobre o único tabu que deveria ser evitado.
Indireta, misteriosa, escancarada.
Plus: ridícula na cópia da insensibilidade imaginária.
E na crença que o sofrimento aqui é mais do que o meu guia.
É o meu pulso.
domingo, 17 de abril de 2011
Nocaute I
segunda-feira, 21 de março de 2011
Filosofias de botequim I: Benção pro amor
Dizem por aí que Deus fez o homem por amor. Antes de destruir tudo, a ideia era que ele cuidasse do mundo. Mas, o coitado andava por aí sozinho e cabisbaixo esquecendo do trabalho, aí Deus achou por bem lhe dar uma companheira.
O final a gente já sabe: os dois encontraram uma maçã, dormiram juntos e acabaram com o paraíso.
Desde então, o amor pede calma, muita calma. Se não der certo da primeira vez, junta os cacos e procura o amanhã.Porque a verdade é que a vida é muito melhor para quem ama.
Se pinta, se perfuma, abre as portas de casa e vai à luta. Que onde come um, cá entre nós, é bem mais gostoso quando comem dois.
No fundo, no fundo, todo mundo é “eu sozinho” rezando para ser “Nós juntinhos”.
Que o amor não nos congele com os seus olhos de medusa.
E fique claro: é preciso abrir mão de si mesmo pra entrar no outro. Desapegar dos erros, dividir os espaços, consertar os defeitos arduamente cultivados. Não é para qualquer um.
Como diz o funk, pra ser feliz no amor tem que ter disposição.
E aos que acham que amar não é pra eles, ou que o amor já passou, isso é história pra boi dormir.Vivem na memória machucados antigos, se privam de canções e poesias. Bebem o amor de ontem e acordam todos os dias com ressaca de passado.
Arredias, algumas pessoas vivem assim: de dia implodem o peito, e de noite, no íntimo, rezam para serem merecedoras de amor no amanhã.
Não sabem que o amor é irrequieto, passional, machista e feminista.
Dá um tapa na cara do homem e da mulher que o encara e pede tudo: o samba mais bonito, o choro mais sofrido. A alma de quem tem pra dar.
Não existe certeza. Achar o amor pode levar todo o tempo do mundo, uma vida inteira de desafetos, bailes de carnaval, encontros às cegas, beijos banais, horas de chat no par perfeito, rugas de tentativas e para alguns at’e os cabelos.
Mas, o que importa? Se quando duas vidas de juntam é capaz de mudar tudo.
Que alma é tão pequena que o seu feijão com arroz não mereça vontade de viver?
Que buraco negro cotidiano não quer ser domingo de sol?
Quando um amor verdadeiro passa é como se só dois pudessem mudar o mundo. São duas partes rumo ao tudo.
Novelas à parte, a verdade é que o amor dá trabalho. É preciso se reinventar, costurar histórias, misturar mal-passados com esperanças de futuro. E quando vem ao ponto, dá casamento.
Aos amantes arredios e aos incorrigíveis, com a benção do Chico, o amor avisa:
Não se atire do terraço, não arranque a minha cabeça da sua cortiça, não beba muita cachaça e não se esqueça de mim.
Nem lenda, nem crença, nem promessa.
O divino está em quem tem sede no coração, luz nos olhos e coragem para o amor quantas vezes for preciso. Iluminados sejam todos vocês e abençoados de amor até que a vida os separe.
*Texto lido no casamento de Guilherme Laux e Solange.
sábado, 19 de março de 2011
após um contratempo
Realce
(bem ao seu alcance)
sem a pretensão de fazer florir
seja lá sol ou do-ré-mi.
Sentido? Não tem.
Depois dos fatos consideráveis,
murchou.
Adquiriu a capacidade de gelar por dentro.
A revolução,
da ironia e da crítica,
apontou o quase vício e só mais um trago já era internação.
Procurou a solidão e encontrou palavras:
deslumbre,
pessimista,
covarde,
retorno.
Combina?
Pouco tempo para esquecer.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
O trágico não vem a conta-gotas*
Depois de passar longos dias sem ninguém vê, me deu vontade de escrever uma carta, endereçada a alguém que eu jamais vi, ou a alguém que dormiu dentro de mim ou talvez a alguém que já tenha morrido. Não será uma carta como a de Oscar Wilde (quando preso) à Bosie, mas uma que não tenha pretensão de nada provar, nem de nada dizer. Queria que em um dia qualquer, sem nenhuma especialidade, me devolvessem o belo mundo da cor e do movimento.
Viver sem nada desdenhar, sem dá a devida importância a completa falta de domínio de suas emoções, demonstrados pelos teus longos silêncios mal-humorados e pelos acessos de raiva constante. Libertar-me deste mundo de angústias que todos os dias tenho que passar. Não porque necessito delas, pois a minha vida, o que quer que a mim e aos outros tenha parecido, foi sempre uma Sinfonia de Tristeza. Na verdade, “fui muito feliz, mas completamente triste”. Não podes me culpar de não ter chegado ao todo. Não posso lhe dar mais do que já lhe dei. Tiveste a mim por completo, se é que há completude no amor! O que reivindicas é a minha existência, e sem saber o que ela significa, penso que já lhe dei.
O egoísmo é palavra de ordem. Arre com as dores, com o que de mais doído pode se sentir. É quase impossível para alguns seres reunir em si um amor ativo pelo outro ser que se julga amar, já para outros é visível a capacidade não apenas de compreender, mas de compenetrar-se dos problemas do outro, de vivenciá-los com ele. Quem dera no momento da crise, sempre encontrasse nele a pessoa que soubesse ouvir com atenção e paciência e temesse ferir com sua palavra. Quem dera houvesse um desdobramento do amor e não o ciúme por coisas vulgares.
*Guimarães Rosa [1908-1967]
sábado, 5 de fevereiro de 2011
biodança
Isolamento – o que por si só é meio inédito.
Sair hoje, barzinho – erro!
Filme, David Bowie – nem pensar!
Marisa Monte a cantar que a dor é minha a dor é de quem tem – talvez...
Bipolaridade ou início de depressão?
Calm down, não sejamos tão apocalípticos!
Lembra daquele desenho da bailarina?
É que fico presa nas minhas interrogações!
Se ainda existo, por que?
Invejo alguns sorrisos, mesmo sem saber (juro)
Se isso me consola, as melhores cartas são aquelas que nunca chegamos sequer a saber que foram escritas.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Tríptico (dobrável)
Sinto cheiro de decepção no ar.
Brindo – em taças cristalinas – momentos fulgazes.
Assombrada, ergo o braço:
pelos coitados e áridos!
Os que nas suas viagens, não se encontram, e, por fim, deparam-se com amarras e dúvidas.
O tempo, nunca suficiente, consegue ressignificar muita coisa.
Também nós e os fatos.
E tudo que fica por ser dito desemboca em:
uma relação ainda mais mecânica;
conversas incrivelmente surreais;
e “ois” com um tom pujante de rejeição.
Balela: futuro repetir o passado?
A citação hoje não tem a menor graça.
Desconhecer o amor é imprescindível.
Principalmente, no seguinte formato:
lua que ri, cor nude e noite bizarra.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Novela das 8
Maria Alice tinha lido no livro:
“as ficções existem para ajudar a acreditar na ficção da vida da gente. “
Mas, mal virou a página com ar de preferida e se sentiu traída pela metáfora.
Aos 20 e tantos anos aconteceu muita coisa , mas o seu cotidiano
ainda tinha ar de rarefeito..
Vício de sonhar acordada, confabulando ambições
Querendo tudo.
Parada no tempo.
Dando bem vindo ao nada.
Suspirando carnavais..
“Alice que queria ser atriz,
que levou fora de João,
que pegou Maria
ficou sozinha e
vai fazer 30 anos..”
Que categoria é a vida?
Que gêneros é preciso pra ser um bom vivant?
Romance? Terror? Drama?
Reality show a la carte..
Trancada sábado à noite em casa sozinha..quem você elimina?
- Nem rainha de bateria, nem primeira presidente!
Sou protagonista meu amor!
Posso ser quem eu quiser
E até quem sou!
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Super / citações
Ninguém pode assegurar, my Darling,
que eu não fale minhas gírias,
palavrões,
que eu não coloque o dedo na sua cara
te alfinetando com as minhas ironias.
Faltam garantias e validades.
E mais você na hora marcada.
Ausentam-se os sorrisos enquanto sobra virtualidade.
Sobrei!
“Estou farto do lirismo comedido” – de contemplações, covardias.
Quando o perto do perto já é o máximo, “caio fora”.
Hoje eu encontrei as lágrimas.
E elas a mim, inteira e retalhada.
A mesma escuridão que mata, marca:
“a frio,
Ferro e fogo,
Em carne viva...”